quarta-feira, 9 de julho de 2008

Nação Fast Food


No último final de semana, durante prolongados momentos de “morgação”, eu assisti um filme muito interessante, chamado Nação Fast Food. O título do filme me chamou bastante a atenção e logo criei a antecipada idéia de que se tratava de uma crítica ao principal símbolo do modo de vida norte-americano: o fast-food. Ao assistir o longa-metragem, minha idéia foi corroborada. Porém, o enredo do filme não abordava somente os restaurantes de comida rápida, mas também analisava o ritmo desenfreado de produção de grandes corporações, a presença de imigrantes ilegais nos EUA e a exploração desses como trabalhadores prontos para realizar o “serviço sujo” que qualquer estadunidense se recusaria a executar.

A trama começa com Don Anderson, diretor de Marketing de uma rede de fast-food, tentando descobrir por que a carne que sua empresa oferece aos consumidores está contaminada. Para chegar à resposta, o filme leva o espectador a um passeio pelas mazelas e contradições do capitalismo. Vemos um mundo que, na busca desenfreada pelo lucro, desrespeita a vida, a dignidade e a ética.

Além disso, o filme, produzido em 2006 e baseado no livro Fast Food Nation, de Eric Schlosser, retrata o drama pessoal de várias personagens ao mesmo tempo: imigrantes ilegais morrendo na travessia da fronteira norte-americana ou vivendo em condições subumanas de trabalho; empregados de uma corporação, responsável pela produção de hambúrgueres para redes de fast-food, enfrentando elevados níveis de acidentes de trabalho, causados pelo acelerado ritmo de produção e demanda de um sistema globalizado; empregados de umas das filiais da rede alimentícia submetidos à alienação e à vigilância constante da empresa; ativistas ambientais na luta contra os confinamentos e as práticas de abate cometidos aos animais; mulheres se prostituindo em troca de favores; pessoas consumindo drogas motivadas pela miséria... Enfim, várias temáticas são abordadas dentro do universo de Nação Fast Food.

Entretanto, o longa-metragem não se trata de um forte candidato ao Oscar ou um DVD que não pode faltar na prateleira, mas o filme é bem interessante e possui cenas comuns ao mundo capitalista e que muitas vezes não estamos acostumados a ver. A montagem do roteiro, a meu ver, deixa um pouco a desejar. Por outro lado, a crítica ambiental e social do filme é bastante eficaz e faz com que o mesmo seja um ótimo recurso para nossa reflexão. A crítica aos restaurantes de fast-food também é superficial se comparada com o filme Super Size Me, do diretor Morgan Spurlok, produzido em 2004 – filme que retrata a obesidade nos EUA com irreverência e que aponta as redes de fast-food como as principais vilãs do problema.

Não quero criar uma ideologia anti-capitalista, anárquica, ou convencer alguém de deixar de comer em restaurantes de fast-food, até mesmo porque acho que isso seria uma contradição e uma hipocrisia ao próprio mundo em que eu vivo – não sou contra os fast-foods, mas prefiro mil vezes um X-Tudo de pitdog que um Big-Mac semi-digerido e mais caro. Também não quero me passar por um ativista ambiental – eu sou contra algumas formas de confinamento e técnicas cruéis de abate de animais, mas sou carnívoro e aficionado por churrasco. Em suma, minha intenção com esse post era apenas sugerir um filme interessante e que mostra claramente o american way of life e as contradições de uma nação emergida na globalização e no desenfreado e insustentável crescimento industrial. Faça umas pipocas e bom filme.

8 comentários:

Anônimo disse...

I'm thankful with your blog it is very useful to me.

Jordana disse...

Há! Quero assistir, mas o futuro é assim mesmo, comeremos tudo em um grande copo e com direito à refil, a humanidade será putamente obesa!!!

....
=}

Anônimo disse...

Pediam vender Big Mac em máquinas tipo akelas de refrigerante neh?!
:D

José Roberto disse...

I don´t have more photos, but you can search photos in Google Images

Grupo Saber Viver disse...

Fique bém curioso par aasistir ao filme!http://gruposaberviver.blogspot.com/

Unknown disse...

Eh concordo com vc Zé, assisti ao filme e a alienação das pessoas, não somente as norte-americanas mas como os estrangeiros, os levam a situações extremas e cabulosas... Parabéns pelo blog...sua crítica é ótima! Bjim =**

Dr. Luciano Azevedo disse...

Zé, está ficando bem legal sobre sua ida a Machu Picchu. Já indiquei a alguns conhecidos que pretendem fazer este percurso. Abração do cunha.

Dr. Luciano Azevedo disse...

Ou, Zé?!?!?! aquilo é carne de quê? Lhama???