terça-feira, 16 de outubro de 2007

Guerrilha do Araguaia - As Faces Ocultas da História

Saudações! Gostaria de pedir desculpas aos meus amigos e visitantes do blog pela demora ao postar. Infelizmente a preguiça, a falta de leitores, as críticas destrutivas e a falta de tempo me impediram de postar nos últimos dias. Vou procurar postar com mais frequência, até porque meu blog foi divulgado no site Verdade Sufocada e tenho recebido alguns visitantes interessados no conteúdo nos últimos dias.

Mudando de assunto... Hoje meu post tem a intenção de divulgar um filme produzido pela DOC TV (TV Cultura) que parece ser bem interessante, e que concorreu ao FICA deste ano: Guerrilha do Araguaia - As Faces Ocultas da História. No mês de setembro, o Cine Cultura (na Praça Cívica) exibiu o filme, mas um erro de divulgação do jornal O Popular me fez perder a oportunidade de vê-lo, pois no dia em que fui assisti-lo estava passando outro documentário sobre a Estrada de Ferro Goiás, chamado Café com Pão, Mateiga Não (Muito bom por sinal, e que eu já havia assistido).

O vídeo acima é um trailer do filme, mas dá pra ter noção do conteúdo. Não vejo a hora do filme ser disponibilizado para venda no site da Cultura. Por enquanto... só roendo as unhas.

Sinopse (fonte: http://guerrilhadoaraguaia-documentario.blogspot.com):

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo divide-se: capitalista ou comunista, e vê-se perdido no terror psicológico dessas duas ideologias - é a guerra fria.

No início dos anos 60 vivia-se um ambiente revolucionário, com uma nova onda do comunismo espalhando-se pelo mundo. No Brasil, o PCB divide-se. A ala mais radical resgata a sigla PC do B, faz a opção pela luta armada e alia-se à China. A região escolhida para a implantação da guerrilha rural é o Bico do Papagaio, mais precisamente as margens do rio Araguaia, à época uma das regiões mais isoladas do país. É para lá que são enviados militantes, a partir de 1967. O endurecimento da ditadura militar, com a instauração do AI 5, em 1968, leva para a luta armada muitos militantes, em especial estudantes jogados na clandestinidade. Eles constituirão a maioria dos quadros guerrilheiros.

Guerrilha do Araguaia - As faces Ocultas da História” revela a verdadeira face da história, tentando trazer à luz aquilo que foi escondido pelos militares e pelo comando da guerrilha, neste episódio cheio de mistérios e silêncios, onde 59 guerrilheiros enfrentaram 10 mil militares durante 2 anos de luta, na maior operação militar brasileira desde a Segunda Guerra Mundial.

Ficha Técnica
Duração: 55 minutos
Ano: 2007
Direção: Eduardo Castro
Co-produção: Eduardo Castro – Ana Cristina Evangelista / Idéia
Produções / TV Brasil Central
Pólo DOCTV Goyaz

sábado, 6 de outubro de 2007

A Delinqüência Acadêmica - Continuação


Continuação do post anterior...

A universidade dominante reproduz-se mesmo através dos “cursos críticos”, em que o juízo professoral aparece hegemônico ante os dominados: os estudantes. Isso se realiza através de um processo que chamarei de “contaminação”. O curso catedrático e dogmático transforma-se num curso magisterial e crítico; a crítica ideológica é feita nos chamados “cursos críticos”, que desempenham a função de um tranqüilizante no meio universitário. Essa apropriação da crítica pelo mandarinato universitário, mantido o sistema de exames, a conformidade ao programa e o controle da docilidade do estudante como alvos básicos, constitui-se numa farsa, numa fábrica de boa consciência e delinqüência acadêmica, daqueles que trocam o poder da razão pela razão do poder. Por isso é necessário realizar a crítica da crítica-crítica, destruir a apropriação da crítica pelo mandarinato acadêmico. Watson demonstrou como, nas ciências humanas, as pesquisas em química molecular estão impregnadas de ideologia. Não se trata de discutir a apropriação burguesa do saber ou não-burguesa do saber, mas sim a destruição do “saber institucionalizado”, do “saber burocratizado” como único “legítimo”. A apropriação universitária (atual) do conhecimento é a concepção capitalista de saber, onde ele se constitui em capital e toma a forma nos hábitos universitários.
A universidade reproduz o modo de produção capitalista dominante não apenas pela ideologia que transmite, mas pelos servos que ela forma. Esse modo de produção determina o tipo de formação através das transformações introduzidas na escola, que coloca em relação mestres e estudantes. O mestre possui um saber inacabado e o aluno uma ignorância transitória, não há saber absoluto nem ignorância absoluta. A relação de saber não institui a diferença entre aluno e professor, a separação entre aluno e professor opera-se através de uma relação de poder simbolizada pelo sistema de exames – “esse batismo burocrático do saber”. O exame é a parte visível da seleção; a invisível é a entrevista, que cumpre as mesmas funções de “exclusão” que possui a empresa em relação ao futuro empregado. Informalmente, docilmente, ela “exclui” o candidato. Para o professor, há o currículo visível, publicações, conferências, traduções e atividade didática, e há o currículo invisível – esse de posse da chamada “informação” que possui espaço na universidade, onde o destino está em aberto e tudo é possível acontecer. É através da nomeação, da cooptação dos mais conformistas (nem sempre os mais produtivos) que a burocracia universitária reproduz o canil de professores. Os valores de submissão e conformismo, a cada instante exibidos pelos comportamentos dos professores, já constituem um sistema ideológico. Mas, em que consiste a delinqüência acadêmica?
A “delinqüência acadêmica” aparece em nossa época longe de seguir os ditames de Kant: “Ouse conhecer.” Se os estudantes procuram conhecer os espíritos audazes de nossa época é fora da universidade que irão encontrá-los. A bem da verdade, raramente a audácia caracterizou a profissão acadêmica. Os filósofos da revolução francesa se autodenominavam de “intelectuais” e não de “acadêmicos”. Isso ocorria porque a universidade mostrara-se hostil ao pensamento crítico avançado. Pela mesma razão, o projeto de Jefferson para a Universidade de Virgínia, concebida para produção de um pensamento independente da Igreja e do Estado (de caráter crítico), fora substituído por uma “universidade que mascarava a usurpação e monopólio da riqueza, do poder”. Isso levou os estudantes da época a realizarem programas extracurriculares, onde Emerson fazia-se ouvir, já que o obscurantismo da época impedia a entrada nos prédios universitários, pois contrariavam a Igreja, o Estado e as grandes “corporações”, a que alguns intelectuais cooptados pretendem que tenham uma “alma”.
Em nome do “atendimento à comunidade”, “serviço público”, a universidade tende cada vez mais à adaptação indiscriminada a quaisquer pesquisas a serviço dos interesses econômicos hegemônicos; nesse andar, a universidade brasileira oferecerá disciplinas como as existentes na metrópole (EUA): cursos de escotismo, defesa contra incêndios, economia doméstica e datilografia em nível de secretariado, pois já existe isso em Cornell, Wisconson e outros estabelecimentos legitimados. O conflito entre o técnico e o humanismo acaba em compromisso, a universidade brasileira se prepara para ser uma “multiversidade”, isto é, ensina tudo aquilo que o aluno possa pagar. A universidade, vista como prestadora de serviços, corre o risco de enquadrar-se numa “agência de poder”, especialmente após 68, com a Operação Rondon e sua aparente democratização, só nas vagas; funciona como tranqüilidade social. O assistencialismo universitário não resolve o problema da maioria da população brasileira: o problema da terra.
A universidade brasileira, nos últimos 15 anos, preparou técnicos que funcionaram como juízes e promotores, aplicando a Lei de Segurança Nacional, médicos que assinavam atestados de óbito mentirosos, zelosos professores de Educação Moral e Cívica garantindo a hegemonia da ideologia da “segurança nacional” codificada no Pentágono.
O problema significativo a ser colocado é o nível de responsabilidade social dos professores e pesquisadores universitários. A não preocupação com as finalidades sociais do conhecimento produzido se constitui em fator de “delinqüência acadêmica” ou da “traição do intelectual”. Em nome do “serviço à comunidade”, a intelectualidade universitária se tornou cúmplice do genocídio, espionagem, engano e todo tipo de corrupção dominante, quando domina a “razão do Estado” em detrimento do povo. Isso vale para aqueles que aperfeiçoam secretamente armas nucleares (M.I.T.), armas químico-biológicas (Universidade da Califórnia, Berkeley), pensadores inseridos na Rand Corporation, como aqueles que, na qualidade de intelectuais com diploma acreditativo, funcionam na censura, na aplicação da computação com fins repressivos em nosso país. Uma universidade que produz pesquisas ou cursos a quem é apto a pagá-los perde o senso da discriminação ética e da finalidade social de sua produção – é uma multiversidade que se vende no mercado ao primeiro comprador, sem averiguar o fim da encomenda, isso coberto pela ideologia da neutralidade do conhecimento e seu produto.
Já na década de 30, Frederic Lilge acusava a tradição universitária alemã da neutralidade acadêmica de permitir aos universitários alemães a felicidade de um emprego permanente, escondendo a si próprios a futilidade de suas vidas e seu trabalho. Em nome da “segurança nacional”, o intelectual acadêmico despe-se de qualquer responsabilidade social quanto ao seu papel profissional, a política de “panelas” acadêmicas de corredor universitário e a publicação a qualquer preço de um texto qualquer se constituem no metro para medir o sucesso universitário. Nesse universo não cabe uma simples pergunta: o conhecimento a quem e para que serve? Enquanto este encontro de educadores, sob o signo de Paulo Freire, enfatiza a responsabilidade social do educador, da educação não confundida com inculcação, a maioria dos congressos acadêmicos serve de “mercado humano”, onde entram em contato pessoas e cargos acadêmicos a serem preenchidos, parecidos aos encontros entre gerentes de hotel, em que se trocam informações sobre inovações técnicas, revê-se velhos amigos e se estabelecem contatos comerciais.
Estritamente, o mundo da realidade concreta e sempre muito generoso com o acadêmico, pois o título acadêmico torna-se o passaporte que permite o ingresso nos escalões superiores da sociedade: a grande empresa, o grupo militar e a burocracia estatal. O problema da responsabilidade social é escamoteado, a ideologia do acadêmico é não ter nenhuma ideologia, faz fé de apolítico, isto é, serve à política do poder.
Diferentemente, constitui, um legado da filosofia racionalista do século XVIII, uma característica do “verdadeiro” conhecimento o exercício da cidadania do soberano direito de crítica questionando a autoridade, os privilégios e a tradição. O “serviço público” prestado por estes filósofos não consistia na aceitação indiscriminada de qualquer projeto, fosse destinado à melhora de colheitas, ao aperfeiçoamento do genocídio de grupos indígenas a pretexto de “emancipação” ou política de arrocho salarial que converteram o Brasil no detentor do triste “record” de primeiro país no mundo em acidentes de trabalho. Eis que a propaganda pela segurança no trabalho emitida pelas agências oficiais não substitui o aumento salarial.
O pensamento está fundamentalmente ligado à ação. Bergson sublinhava no início do século a necessidade do homem agir como homem de pensamento e pensar como homem de ação. A separação entre “fazer” e “pensar” se constitui numa das doenças que caracterizam a delinqüência acadêmica – a análise e discussão dos problemas relevantes do país constitui um ato político, constitui uma forma de ação, inerente à responsabilidade social do intelectual. A valorização do que seja um homem culto está estritamente vinculada ao seu valor na defesa de valores essenciais de cidadania, ao seu exemplo revelado não pelo seu discurso, mas por sua existência, por sua ação.
Ao analisar a “crise de consciência” dos intelectuais norte-americanos que deram o aval da “escalada” no Vietnã, Horowitz notara que a disposição que eles revelaram no planejamento do genocídio estava vinculada à sua formação, à sua capacidade de discutir meios sem nunca questionar os fins, a transformar os problemas políticos em problemas técnicos, a desprezar a consulta política, preferindo as soluções de gabinete, consumando o que definiríamos como a traição dos intelectuais. É aqui onde a indignidade do intelectual substitui a dignidade da inteligência.
Nenhum preceito ético pode substituir a prática social, a prática pedagógica.
A delinqüência acadêmica se caracteriza pela existência de estruturas de ensino onde os meios (técnicas) se tornam os fins, os fins formativos são esquecidos; a criação do conhecimento e sua reprodução cede lugar ao controle burocrático de sua produção como suprema virtude, onde “administrar” aparece como sinônimo de vigiar e punir – o professor é controlado mediante os critérios visíveis e invisíveis de nomeação; o aluno, mediante os critérios visíveis e invisíveis de exame. Isso resulta em escolas que se constituem em depósitos de alunos, como diria Lima Barreto em “Cemitério de Vivos”.
A alternativa é a criação de canais de participação real de professores, estudantes e funcionários no meio universitário, que oponham-se à esclerose burocrática da instituição.
A autogestão pedagógica teria o mérito de devolver à universidade um sentido de existência, qual seja: a definição de um aprendizado fundado numa motivação participativa e não no decorar determinados “clichês”, repetidos semestralmente nas provas que nada provam, nos exames que nada examina, mesmo porque o aluno sai da universidade com a sensação de estar mais velho, com um dado a mais: o diploma acreditativo que em si perde valor na medida em que perde sua raridade.
A participação discente não constitui um remédio mágico aos males acima apontados, porém a experiência demonstrou que a simples presença discente em colegiados é fator de sua moralização.



Maurício Tragtenberg

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Delinquência Acadêmica


Atualmente, percebemos que as universidades brasileiras têm sido alvo de fortes críticas, e não é por acaso. Antes de expor minha opinião ou realizar qualquer prévia análise sobre as universidades, resolvi postar um artigo chamado "Delinquência Acadêmica" do eterno sociólogo Maurício Tragtenberg, apresentado no I Seminário de Educação Brasileira, realizado em 1978, em Campinas/SP. O texto é um pouco extenso e, por isso, irei publicá-lo em dois posts. Vale a pena ler. Abraços...
Delinquência Acadêmica

O tema é amplo: a relação entre a dominação e o saber, a relação entre o intelectual e a universidade como instituição dominante ligada à dominação, a universidade antipovo.
A universidade está em crise. Isto ocorre porque a sociedade está em crise; através da crise da universidade é que os jovens funcionam detectando as contradições profundas do social, refletidas na universidade. A universidade não é algo tão essencial como a linguagem; ela é simplesmente uma instituição dominante ligada à dominação. Não é uma instituição neutra; é uma instituição de classe, onde as contradições de classe aparecem. Para obscurecer esses fatores ela desenvolve uma ideologia do saber neutro, científico, a neutralidade cultural e o mito de um saber “objetivo”, acima das contradições sociais.
No século passado, período do capitalismo liberal, ela procurava formar um tipo de “homem” que se caracterizava por um comportamento autônomo, exigido por suas funções sociais: era a universidade liberal humanista e mandarinesca. Hoje, ela forma a mão-de-obra destinada a manter nas fábricas o despotismo do capital; nos institutos de pesquisa, cria aqueles que deformam os dados econômicos em detrimento dos assalariados; nas suas escolas de direito forma os aplicadores da legislação de exceção; nas escolas de medicina, aqueles que irão convertê-la numa medicina do capital ou utilizá-la repressivamente contra os deserdados do sistema. Em suma, trata-se de “um complô de belas almas” recheadas de títulos acadêmicos, de um doutorismo substituindo o bacharelismo, de uma nova pedantocracia, da produção de um saber a serviço do poder, seja ele de que espécie for.
Na instância das faculdades de educação, forma-se o planejador tecnocrata a quem importa discutir os meios sem discutir os fins da educação, confeccionar reformas estruturais que na realidade são verdadeiras “restaurações”. Formando o professor-policial, aquele que supervaloriza o sistema de exames, a avaliação rígida do aluno, o conformismo ante o saber professoral. A pretensa criação do conhecimento é substituída pelo controle sobre o parco conhecimento produzido pelas nossas universidades, o controle do meio transforma-se em fim, e o “campus” universitário cada vez mais parece um universo concentracionário que reúne aqueles que se originam da classe alta e média, enquanto professores, e os alunos da mesma extração social, como “herdeiros” potenciais do poder através de um saber minguado, atestado por um diploma.
A universidade classista se mantém através do poder exercido pela seleçãonomeação de professores. Na universidade mandarinal do século passado o professor cumpria a função de “cão de guarda” do sistema: produtor e reprodutor da ideologia dominante, chefe de disciplina do estudante. Cabia à sua função professoral, acima de tudo, inculcar as normas de passividade, subserviência e docilidade, através da repressão pedagógica, formando a mão-de-obra para um sistema fundado na desigualdade social, a qual acreditava legitimar-se através da desigualdade de rendimento escolar; enfim, onde a escola “escolhia” pedagogicamente os “escolhidos” socialmente. dos estudantes e pelos mecanismos de
A transformação do professor de “cão de guarda” em “cão pastor” acompanha a passagem da universidade pretensamente humanista e mandarinesca à universidade tecnocrática, onde os critérios lucrativos da empresa privada, funcionarão para a formação das fornadas de “colarinhos brancos” rumo às usinas, escritórios e dependências ministeriais. É o mito da assessoria, do posto público, que mobiliza o diplomado universitário.
Amanhã continua...


domingo, 30 de setembro de 2007

Jazz em Goiânia - Marcelo Maia, Ademir Junior e Moises Alves

Para aqueles que acham que em Goiânia não rola nada de diferente, eis aqui alguns dos grandes expoentes do jazz brasileiro: o baixista Marcelo Maia (Goiânia), o saxofonista Ademir Junior (Brasília), o trompetista Moises Alves (Brasília), o baterista e o pianista que tocam com o Marcelo Maia mas eu não sei os nomes, mas também são "fudidos". Neste vídeo podemos apreciar uma música do grande saxofonista Sonny Rollins, tocado por grandes músicos do Brasil central. Esse show foi realizado em Maio no Glória, onde ótimos músicos normalmente tocam chorinho aos domingos. Para os goianienses que gostam de jazz o lugar certo é o Café Blend nas quintas e sextas, de vez em quando o Glória e o Bacalhau e Binho. Infelizmente os bares que possuem jazz ao vivo são elitizados, mas compensa quebrar o cofrinho de vez em quando e conferir alguns shows. Esporadicamente também são realizadas apresentações de jazz no Cine Ouro e no Sesc. Abraços e obrigado aos que visitam sempre meu blog.

sábado, 29 de setembro de 2007

Jazz - Dave Brubeck - Take Five

Hoje resolvi dedicar minha postagem para um clássico do jazz: o pianista Dave Brubeck. Dentre os vários artistas de jazz, este é um dos que eu mais gosto. Espero que agrade a todos. Se alguém tiver interesse em baixar músicas desse grande pianista, basta acessar o blog do Jazzman, cujo link está na parte de favoritos do meu blog. Abraços e bom restinho de final de semana a todos. José Roberto

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Consumo sustentável


A abundância dos bens de consumo, continuamente produzidos pelo sistema industrial, é considerada, freqüentemente, um símbolo do sucesso das economias capitalistas modernas. No entanto, esta abundância passou a receber uma conotação negativa, sendo objeto de críticas que consideram o consumismo um dos principais problemas das sociedades industriais modernas.

Os bens, em todas as culturas, funcionam como manifestação concreta dos valores e da posição social de seus usuários. Na atividade de consumo se desenvolvem as identidades sociais e sentimos que pertencemos a um grupo e que fazemos parte de redes sociais. O consumo envolve também coesão social, produção e reprodução de valores. Desta forma, não é uma atividade neutra, individual e despolitizada. Ao contrário, trata-se de uma atividade que envolve a tomada de decisões políticas e morais praticamente todos os dias. Quando consumimos, de certa forma manifestamos a forma como vemos o mundo. Há, portanto, uma conexão entre valores éticos, escolhas políticas, visões sobre a natureza e comportamentos relacionados às atividades de consumo.

No entanto, com a expansão da sociedade de consumo, amplamente influenciada pelo estilo de vida norte-americano, o consumo se transformou em uma compulsão e um vício, estimulados pelas forças do mercado, da moda e da propaganda. A sociedade de consumo produz carências e desejos (materiais e simbólicos) incessantemente. Os indivíduos passam a ser reconhecidos, avaliados e julgados por aquilo que consomem, aquilo que vestem ou calçam, pelo carro e pelo telefone celular que exibem em público. O próprio indivíduo passa a se auto-avaliar pelo que tem e pelo que consome. Mas é muito difícil estabelecer o limite entre consumo e consumismo, pois a definição de necessidades básicas e supérfluas está intimamente ligada às características culturais da sociedade e do grupo a que pertencemos. O que é básico para uns pode ser supérfluo para outros e vice-versa.

A felicidade e a qualidade de vida têm sido cada vez mais associadas e reduzidas às conquistas materiais. Isto acaba levando a um ciclo vicioso, em que o indivíduo trabalha para manter e ostentar um nível de consumo, reduzindo o tempo dedicado ao lazer e a outras atividades e relações sociais. Até mesmo o tempo livre e a felicidade se tornam mercadorias que alimentam este ciclo. Em suas atividades de consumo, os indivíduos acabam agindo centrados em si mesmos, sem se preocupar com as conseqüências de suas escolhas. O cidadão é reduzido ao papel de consumidor, sendo cobrado por uma espécie de “obrigação moral e cívica de consumir”.

Mas se nossas identidades se definem também pelo consumo, poderíamos vincular o exercício da cidadania e a participação política às atividades de consumo, já que é nestas atividades que sentimos que pertencemos e que fazemos parte de redes sociais.

O consumo é o lugar onde os conflitos entre as classes, originados pela participação desigual na estrutura produtiva, ganham continuidade, através da desigualdade na distribuição e apropriação dos bens. Assim, consumir é participar de um cenário de disputas pelo que a sociedade produz e pelos modos de usá-lo. Sob certas condições, o consumo pode se tornar uma transação politizada, na medida em que incorpora a consciência das relações de classe envolvidas nas relações de produção e promove ações coletivas na esfera pública.

A idéia de um consumo sustentável, portanto, não se limita a mudanças comportamentais de consumidores individuais ou, ainda, a mudanças tecnológicas de produtos e serviços para atender a este novo nicho de mercado. Apesar disso, não deixa de enfatizar o papel dos consumidores, porém priorizando suas ações, individuais ou coletivas, enquanto práticas políticas. Neste sentido, é necessário envolver o processo de formulação e implementação de políticas públicas e o fortalecimento dos movimentos sociais.

O consumo tornou-se um lugar onde é difícil “pensar” por causa da sua subordinação às forças de mercado. Mas os consumidores não são necessariamente alienados e manipulados. Ao contrário, o consumidor também pode ser crítico, “virando o feitiço contra o feiticeiro”. O consumidor “também pensa” e pode optar por ser um cidadão ético, consciente e responsável. Podemos atuar de forma subordinada aos interesses do mercado, ou podemos ser insubmissos às regras impostas de fora, erguendo-nos como cidadãos e desafiando os mandamentos do mercado. Se o consumo pode nos levar a um desinteresse pelos problemas coletivos, pode nos levar também a novas formas de associação, de ação política, de lutas sociais e reivindicação de novos direitos

Consumir exige responsabilidade. Somente com a conscientização do indivíduo, políticas públicas sustentáveis, e ações sociais, poderemos construir um mundo mais humano e ético. Devemos impor nossas regras e não deixar que as relações de consumo prevaleçam em nossa sociedade. É necessário mudarmos rapidamente nossa forma de agir, se não quisermos ser vítimas da auto-destruição humana.

Educação Venezuelana


Chávez ameaça nacionalizar ou fechar escolas que não aceitem modelo socialista

O Globo Online. Publicada em 17/09/2007 às 19h19m

CARACAS - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, abriu nesta segunda-feira o ano letivo 2007-2008 com uma ameaça de fechar ou nacionalizar qualquer escola privada que se negue a ensinar as linhas de seu governo socialista. Segundo ele, pais e professores devem "acabar com o modelo consumista", para que possam tornar a Venezuela uma potência mundial. A oposição diz que a reforma educacional preparada pelo governo tenta incutir uma formação ideológica socialista nas crianças.

Chávez reiterou que as escolas particulares devem subordinar-se ao novo modelo educativo ou deverão fechar as suas portas.

O modelo socialista torna a "educação libertadora, que tem como desafio trocar os valores capitalistas por valores centrados no ser humano", disse Chávez, acrescentando que a linha é focada em aprender a criar, participar e conviver, assim como a valorizar e aprender a fazer reflexões.

- A educação antiga promovia o consumismo e o desprezo de uns aos outros, além de ser repressiva - afirmou Chávez ao lembrar que seu pai fora um canhoto obrigado a escrever com a mão direita.

" Eles devem reconhecer a Constituição. Devem se subordinar à Constituição e ao sistema educacional nacional, ao sistema educacional bolivariano "


O presidente disse que nem o Estado nem a sociedade podem permitir que os colégios privados façam "o que tenham vontade", já que alguns inclusive vedam o acesso de inspetores públicos.

- Eles devem reconhecer a Constituição. Devem se subordinar à Constituição e ao sistema educacional nacional, ao sistema educacional bolivariano. Quem não quiser terá de fechar sua escola - disse Chávez na cerimônia escolar de início do ano letivo. Chávez citou Alemanha e Estados Unidos como exemplos de países onde as escolas privadas acatam as diretrizes do governo.

Detalhes do currículo bolivariano de ensino ainda não foram divulgados pelo Ministério da Educação. Segundo o socialista, o modelo foi elaborado por especialistas venezuelanos e não por cubanos, como a oposição venezuelana chegou a dizer anteriormente.

O novo sistema educacional será implementado "ao longo do ano, com a participação de professores, pais, alunos, e a comunidade em geral", afirmou o chefe de Estado.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Marketing ou Crise de Identidade?

No último domingo, 23 de setembro, fiz prova do concurso público para professor da prefeitura de Goiânia. A redação tinha como proposta um tema bem confuso: A linguagem na construção das identidades e das diferenças. Não sei se minha redação se encaixa muito dentro do tema, até porque fazia anos que não realizava uma redação com temática predefinida, mas pelo menos me serviu de inspiração para escrever um artigo sobre a Identidade do presidente Lula.

Marketing ou Crise de Identidade?

É impossível não admitirmos que as nossas paixões individuais são determinadas pela cultura da sociedade na qual estamos inseridos. Assim, devemos considerar que nosso próprio discurso emerge da atmosfera social, conforme já dizia Mikhail Bakhtin. Esta proposta pode ser observada claramente na identidade do nosso presidente da república.

Durante a década de 1980, a sociedade brasileira estava mergulhada em um ambiente de transição de um período militar e conservador para um ambiente democrático. Àquela época, as palavras de Luiz Inácio Lula da Silva o descreviam como um trabalhador revolucionário que reivindicava melhores condições de trabalho para os brasileiros, vítimas do descaso público com a classe operária e da crise econômica do país.

Após alguns anos e algumas eleições perdidas, podemos identificar uma mudança radical no discurso lulista. Conforme Marilena Chauí, poderíamos chamar essa mudança retórica do Lula de “despolitização da fala presidencial”, dotada de uma máscara discursiva que nega sua capacidade de pensamento e de linguagem. Entretanto, essa despolitização somente foi possível graças às transformações das relações sociais de produção no Brasil, ou seja, uma mudança expressiva nas esferas econômica, política e social.

Dessa forma, podemos observar que a linguagem utilizada pelo presidente Lula em seus discursos representa, nada mais, que uma mudança de sua identidade política, proporcionada pela transformação cultural do Brasil do século XXI em relação à sociedade brasileira da década de 1970 e 1980.

Podemos dizer que a lógica mercadológica atingida pelo elevado estágio de desenvolvimento capitalista do Brasil é o principal objeto de “mutação” da sociedade. Portanto, torna-se evidente a presença de elementos destoantes na fala presidencial, corroborando a ótica subversiva da cultura capitalista. Além disso, é cada vez mais comum observarmos o marketing político colocando palavras na boca do presidente. Ou seria crise de identidade?



Boas vindas!

Boas vindas! Acabo de inaugurar este espaço para a postagens de coisas bacanas. Na medida do possível, procurarei postar artigos próprios, mas também postarei reportagens, textos, vídeos, músicas e outras coisas interessantes encontradas na internet. Espero contar com a colaboração (comentários) e visita de vocês. Vamos transformar este blog em um espaço para debate e para coisas legais. Se alguém se interessar em me ajudar com o blog, deixe um comentário com seu email que eu entro em contato. Abraços!!!