segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Música de Qualidade: Marcelo Maia

Hoje meu post tem como objetivo divulgar, mais uma vez, o trabalho de um virtuoso músico goiano: Marcelo Maia.

Influenciado por vários estilos, desde o jazz até música nativa africana, Marcelo Maia é responsável pela composição de um mosaico musical facilmente assimilado por ouvidos apurados. O som produzido pelo baixista é, sem dúvida, uma referência da música instrumental brasileira.

Já tive a oportunidade de assistir a várias apreseentações desse ilustre instrumentista, tanto em bares e cafés em Goiânia, como em grandes festivais, dividindo o palco com renomados músicos como Arthur Maia, Kiko Continentino, Duofel, Scott Feiner, Bororó, Dino Rangel, Yamandú Costa, João Donato, entre outros. Fico orgulhoso de ver um grande nome da música instrumental brasileira sendo reconhecido nacionalmente e até internacionalmente. O melhor de tudo é que Marcelo disse em entrevista que não precisa sair de Goiânia e partir o eixo Rio - São Paulo, ou seja, não precisa largar a belíssima capital goiana para ter seu trabalho reconhecido. Mais uma prova de amor à Goiânia e de que aqui não existe somente cornos de botina e chapéu que cantam sertanejo.

Pra quem deseja conhecer melhor o trabalho desse baixista, basta procurar vídeos no youtube ou, pra quem está em Goiânia, assistir gratuitamente ao show de Marcelo, acompanhado do tecladista Djan Cosic e do baterista Fred Valle, no Café do Cine Ouro, às sextas, a partir das 23 horas.


terça-feira, 28 de outubro de 2008

Goiânia: cidade desigual... e com prefeito sem igual




Na última sexta-feira, 24/10, em pleno aniversário de Goiânia, o jornal O Popular teve como principal destaque uma reportagem sobre o estudo realizado pela ONU que aponta Goiânia como cidade mais desigual da América Latina e Caribe. No dia seguinte, o mesmo jornal publicou uma declaração do prefeito da capital goiana que afirmou que o estudo “é uma gafe” e que vai convidar técnicos das nações unidas para conhecer melhor a cidade.
O estudo divulgado pela ONU releva as disparidades sociais nas cidades latino-americanas e caribenhas a partir do critério de renda. Dentre as sete cidades brasileiras analisadas por técnicos da ONU, Goiânia revelou o maior índice de concentração de renda. Porém, o prefeito Iris Rezende alega que Goiânia é "uma cidade sem favelas e que tem ótima qualidade de vida". Em termos, ele está certo, mas esse argumento não descarta a desigualdade social presente na cidade.
A insatisfação de Iris Rezende deu o que falar e foi discutida até por um sociólogo, que considerou a relação estabelecida pelo prefeito equivocada. O resultado do estudo é facilmente identificado em Goiânia e as discrepâncias sociais estão presentes em todo lugar. Ao mesmo tempo em que a cidade possui uma das maiores especulações imobiliárias do país, que é visivelmente identificada em setores nobres, que detêm imóveis vendidos rapidamente a preços milionários, pode-se identificar também uma enorme quantidade de conjuntos de casas populares construídos pelo poder público.
No dia-a-dia vemos ônibus lotados e, ao mesmo tempo, a maior frota proporcional de veículos do país, que também é uma das frotas mais novas. É carrão pra todo lado. Quem procura diversão tem duas escolhas: ir à shows e eventos gratuitos que a prefeitura vive promovendo, principalmente em bairros periféricos, ou ir para um dos vários bares e boates caríssimos que estão espalhados pela cidade, onde se concentram os "magnatas".
Por ser uma das cidades mais arborizadas do país, com boa qualidade do ar e com excelente qualidade de vida, Goiânia atrai pessoas com alto poder aquisitivo, que aqui resolvem morar. A migração dessas pessoas para a cidade tem uma influência real na ocupação dos espaços urbanos e, por isso, surgiram muitos condomínios fechados ao lado de bairros bem pobres. A presença de grandes propriedades de terra no estado e de várias empresas de elevado porte ajuda a concentrar renda nas mãos de poucos.
Disparidade é o que não falta na metrópole goiana. Portanto, talvez seja necessário que o Iris tenha umas aulas de Geografia para aprender conceitos como desigualdade social e concentração de renda. Talvez o prefeito precise passear pelos terminais de ônibus espalhados pela cidade e pegar o “busão” lotado, no horário de pico, para ver como existem pobres que não têm condições de andar de carro zero como o pessoal do outro time. Talvez o prefeito deva levar um quilo de alimento para ver o show do Leonardo no meio do povão em vez de ir jantar com sua família no caríssimo Montana Grill, que, por coincidência, é do Leonardo. Talvez se o Iris vendesse uma das suas milionárias fazendas e usasse o dinheiro em políticas de geração de empregos, escolas e hospitais, não haveria tantos pobres, que desgraçadamente contribuíram (aqui os ricos não são culpados) para o resultado divulgado pela ONU.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Dicas e Roteiro para Machu Picchu

Muitas pessoas no Orkut ou que visitam meu blog já me pediram dicas sobre a viagem à Machu Picchu. Portanto, resolvi elaborar um texto com algumas anotações que realizei durante a viagem e com dicas que acredito ser úteis. Muitas dicas eu já tinha lido na internet e tiveram grande valia. Outras dicas eu elaborei com a experiência que tive ao viajar pela Bolívia e Peru.

Meu roteiro foi realizado em 15 dias de viagem e compreendeu os seguintes trechos: Goiânia / Corumbá / Puerto Quijarro / Santa Cruz de La Sierra / La Paz / Copacabana / Puno / Cusco / Águas Calientes / Machu Picchu / Águas Calientes / Cusco / La Paz / Santa Cruz de La Sierra / Puerto Quijarro / Corumbá / Goiânia. Este é o roteiro mais praticado pelos viajantes que têm Machu Picchu como destino, sendo também o mais simples e, geralmente, o mais barato. Pontuei, então, as considerações que achei mais relevantes sobre cada cidade. Segue:


- Corumbá é uma cidade bem cara e quente. Eu fiquei no Hotel Santa Rita, que fica no centro da cidade, na rua da igrejinha da praça. Muito bom hotel e com preço razoável. Mas pelo que eu li na net consegue-se hospedagens mais baratas em Puerto Quijarro. O pantanal é lindo e vale a pena dar uma passeada por Corumbá.

- Puerto Quijarro tem dois pólos comerciais bons para realização de compras: ao atravessar a fronteira, virando na primeira avenida a direita, há as feirinhas e lojinhas com muitas coisas baratas, principalmente roupas; a segunda opção é nos shoppings que ficam depois do terminal ferroviário, onde encontra-se muita coisa, como produtos eletrônicos, informática, perfumaria, calçados, roupas mais sofisticadas, artigos pra casa, bebidas etc. Entretanto, o que realmente compensa comprar em Quijarro são bebidas e perfumes, pois o restante é encontrado com preços mais acessíveis em La Paz.

- Em Quijarro, eu recomendo fazer câmbio, já que nas próximas cidades você encontrará valores mais baixos pelo Real. Eu troquei apenas 30 reais, com câmbio de 1 real = 3,95 bolivianos, numa tia que fica sentada no lado esquerdo da avenida, após a fronteira, em frente ao comércio. Mas cuidado com as notas falsas. Todo mundo mete medo sobre notas falsas, mas não é tão comum como as pessoas falam. Basta ver se a região onde está impresso o numero da nota é áspera e se a impressão é boa. É fácil identificar notas falsas.

- A melhor opção para não perder grana em câmbio é usar cartão de crédito internacional. Basta ter cartão internacional de crédito, débito ou ATM (Cartão pré-pago de viagem - Travel Money) que você pode sacar grana em moeda local ou dólar em diversos caixas eletrônicos, em qualquer cidade. No meu caso, eu tenho cartão Visa internacional e em todos os caixas eletrônicos conveniados à rede plus eu pude sacar grana. Mesmo com as taxas de saque e a porcentagem cobrada sobre o valor total sacado, você não perde tanto dinheiro como no caso de cambiar papel-moeda em bancos ou com pessoas.

- O trem da morte eu sei que tem ao meio dia e às 16 horas. O do meio dia é uma categoria inferior e mais barata, onde normalmente viaja a maioria dos bolivianos. Dizem que esse do meio dia é bem toscão. O das 16h é a categoria Super Pullman que é muito boa, possui poltronas reclináveis e confortáveis, ar condicionado, TV, vagão-restaurante e lanchonete. Nas paradas você ainda pode comprar de ambulantes. O super Pullman custa 115 bolivianos (pouco mais de 26 reais, considerando o câmbio oficial de 1 real = 4,4 bolivianos) tanto para o trecho Puerto Quijarro / Santa Cruz como para o trecho inverso.
- Santa Cruz é uma cidade interessante, mas fiquei somente 7 ou 8 horas na cidade. É a cidade mais cara da Bolívia, tendo em vista que é a região mais rica do país. Tudo em Santa Cruz é mais caro. Então, deixe para fazer compras em La Paz. Não deixe de conhecer a praça 24 de Setembro e seus arredores.

- Na Bolívia, de modo geral, as coisas são baratas, mas tudo é negociável. Pechinche ao máximo e jogue os preços lá embaixo que você consegue bons descontos. Taxi é muito barato e compensa. Cuidado com os bolivianos, pois eles adoram enrolar os clientes para voltar o troco, até esquecerem.

- Não sei os horários de Santa Cruz para La Paz e nem valores, pois fomos de ônibus fretado. Acredito que não passe de 30 reais. Mas sempre compre passagens diretamente nos terminais rodoviários, onde você encontrará passagens mais baratas. Muitas vezes os preços das passagens também são negociáveis. Os preços tendem a cair quando não conseguem lotar o ônibus e o mesmo já está quase na hora de partir.

- Não vi criminalidade em nenhum momento da viagem, mas recomendo ficar atento, pois existe muita pobreza, principalmente na Bolívia. Os centros urbanos são áreas de risco e de criminalidade como em qualquer metrópole brasileira.

- La Paz é uma cidade muito bacana. É a melhor cidade para se fazer compras, com exceção de artesanato, que você encontra mais barato e com mais variedade em Puno e Cusco. Produtos eletrônicos devem ser pesquisados, pois tem muita coisa com preços semelhantes ao do Brasil. Câmeras digitais e celulares são boas opções. Há uma rua chamada Eloy Salmon só com lojas de eletrônicos, onde se acha os melhores preços. Fiquei sabendo que no bairro Miraflores e na região alta de La Paz, chamada El Alto, também se acha coisas baratas. Roupas, calçados e outros você encontra nas proximidades da Plaza Murillo. Outro local interessante pra compras é a Calle de las Brujas (Rua das Bruxas). Em La Paz, não deixe de conhecer o Chacaltaya, Vale de La Luna e Tiwanaku. Infelizmente só conheci o Chacaltaya, já que fiquei por pouco tempo na cidade. Me hospedei no Hotel Condeza, que é excelente.

- Copacabana é uma cidade pequena e muito bonita. O Lago Titicaca é maravilhoso e me lembrou o Mar Egeu, na Grécia (pelo menos me lembrou filmes, fotos e livros que ilustram esse mar, já que não o conheço pessoalmente). Há ótimos bares e pubs em Copacabana, mas todos fecham cedo. Não deixe de comer a Truta (peixe) do lago. O passeio mais conhecido e indispensável é até a Isla del Sol, onde há ruínas da civilização Tiwanaku. Pode-se encontrar barcos para a ilha por até 30 bolivianos e a entrada na ilha custa 10 bolivianos. Normalmente os passeios saem às 8 e retornam as 14 ou 15 horas. O ideal é conhecer as ruínas do lado sul, subir as escadarias e fazer a trilha até a parte norte da ilha, onde ficam as principais ruínas e também um museu com peças dos Markapampas (antigos habitantes de uma ilha submersa). Fiquei no Hotel Mirador que é excelente e possui um vista deslumbrante para o Lago.

- Puno é muito legal. Infelizmente fiquei só uma hora na cidade e foi à noite. Lá possui pubs e bares legais e muito artesanato. Durante o dia você pode conhecer a Isla de Uros, que é uma ilha flutuante feita de totora (planta aquática comum no lago), e também os barcos e casas feitos desse mesmo material. Não há necessidade de pernoitar na cidade.

- Cusco é uma cidade fantástica e parece cidade européia. Fiquei apenas dois dias na cidade e foi muito corrido, não dando tempo de conhecer tudo o que eu queria. Na catedral, pode-se comprar um ticket por 25 soles (para estudante) que dá direito de conhecer a catedral, a Igreja da Companhia de Jesus, Igreja de San Blas e Museu de Arte Sacra. Não deixe de conhecer a Igreja e Convento de Santo Domingo, que foi edificada sobre o Templo Koricancha, o principal templo inca e que, segundo cronistas, possuía paredes recobertas com lâminas de ouro na época em que Cusco era capital do Império Tahuantinsuyo. Há várias agências de turismo que oferecem passeios para o entorno de Cusco por cerca de 60 a 70 soles, para visitar Ollantaytambo, Pisaq, Sacsayhuaman, Chichero, etc. Eu não fiz esses passeios porque já tava sem grana, mas alguns amigos meus foram e disseram que vale a pena. Pesquise preços de passeios nas agências, que normalmente ficam nas proximidades da Praça de Armas. O local mais barato para adquirir roupas e artesanato é em feiras e galerias de artesanato existentes abaixo dos correios da Rua El Sol. O mercado de artesanato mais importante também fica nessa rua, em frente a uma grande fonte com um símbolo inca em cima. Não se esqueça de pechinchar os preços e oferecer o valor que você acha justo pagar. As lojas próximas a Praça de Armas são as mais caras. Pinturas cusquenhas você encontra em San Blas. As boates não são tão imperdíveis como dizem por aí, mas são bons lugares para se conhecer pessoas legais. As melhorzinhas são a Mithology e a Mama África. Fiquei no Hotel Machu Picchu, que fica na Calle Q’era. Muito bom.

- Para ir até Machu Picchu existem várias formas: a mais tradicional é de trem, mas é a mais cara. Eu fui de ônibus até a hidrelétrica de Santa Teresa, onde peguei um trem até Águas Calientes. Paguei 66 dólares pelo transporte ida e volta, hospedagem em hotel simples em Águas Calientes e van até a entrada do parque. A entrada no parque custa 122 soles a inteira e estudante paga meia. A maneira mais barata de ir para Machu Picchu pode ser encontrada nessa comunidade do Orkut:
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=43859453


- Não se esqueça de levar repelente, pois há muitos mosquitos borrachudos em Machu Picchu. Se você é alérgico, leve um anti-alérgico injetável. Leve água e alimentos, pois as coisas na lanchonete do parque são um roubo. Aproveite para encher a garrafa d’água nas fontes do parque, pois a água é muito boa, não é salobra como as que você compra e ainda vem geladinha. Dizem que não é potável, mas é apenas um pretexto para os turistas comprarem água na lanchonete.

- Águas Calientes é uma cidade muito bonita, circundada por montanhas, mas não possui estrutura adequada para receber inúmeros turistas. Os hotéis quase sempre estão lotados. Há restaurantes e bares muito bons, mas quase todos são caros. Basta procurar que você encontra alguns com preço mais baixo. No mercado você encontra muita coisa legal.

De maneira geral, é importante ler bastante sobre os países, cidades, culturas e povos que serão conhecidos. Além de aprimorar seu conhecimento, você se sentirá bem mais seguro e aproveitará muito mais sua viagem. Leve mapas e roteiros com você. Outra ação importante é procurar os CATs (Centro de Apoio ao Turista) das cidades visitadas, onde pode-se obter mapas e informações atualizadas sobre os pontos turísticos. A maioria dos CATs estão localizados em rodoviárias, aeroportos e shopings. Além disso, as informações são gratuitas.

Espero que minhas dicas possam ajudar. Quem tiver sugestões ou críticas, mande-me por email: stormlordhp@hotmail.com. Dessa forma, poderei ampliar e reformular esse texto, o que facilitará ainda mais a vida de muitos mochileiros. Abraços.


terça-feira, 7 de outubro de 2008

Jogo do Mc Donald's


O que você pensou quando viu a foto com esse “M”? É uma imagem bem familiar, e garanto que todos pensaram a mesma coisa ao ver o tal logotipo. Quando nos deparamos com esse enorme “M” a primeira coisa da qual nos lembramos é do Mc Donald’s.

Caracterizado como a maior rede de fast-food do mundo, o Mc Donald’s está espalhado pelo globo, sendo responsável pela venda de milhões de hambúrgueres diariamente e, juntamente com a Coca-Cola, é considerado um dos mais famosos símbolos do capitalismo internacional. No Brasil desde 1979, a rede contribui intrinsecamente para o aumento de hábitos consumistas e para a disseminação do american way of life no cotidiano dos brasileiros.

Além de uma notável marca, o Mc Donald’s também tem sido alvo de muitas críticas ao longo dos anos: Seus produtos causam inúmeros danos ecológicos, principalmente devido ao excesso de embalagens descartáveis e às grandes áreas de pastagens utilizadas na produção de gado para o abate; a comida não é saudável, tendo elevado nível de gordura e açúcar; a marca tem um apelo às crianças com o palhaço Ronald McDonald e outros personagens, atraindo-as e condicionando-as ao consumo dos lanches e criando hábitos não saudáveis que tendem a se manter com a idade; é o maior representante do fast-food, hábito de consumo que está entre as causas do grave problema da obesidade no mundo; é um notório modelo de corporação capitalista, que recebe forte oposição de grupos políticos e sociais que defendem outro sistema; etc.

Com base nessas críticas, resolvi postar um pequeno jogo feito em flash que recebi de um amigo. O jogo se chama Mc Donald’s Videogame e é divido em três etapas: produção, vendas e gerenciamento.

Na linha de produção, o objetivo é comprar grandes propriedades de terra para o confinamento do gado e para a produção de soja, que compõem a base dos produtos da empresa. Às vezes é necessário plantar soja transgênica, desmatar florestas, destruir aldeias ou até mesmo comprar terras públicas para suprir a demanda produtiva. Quanto ao gado, hormônios, resíduos industriais e até mesmo restos animais podem ser adicionados à forragem. Tudo para manter uma elevada produtividade. É necessário apenas manter um equilíbrio na produção, para evitar que o gado fique doente e se produza hambúrgueres contaminados.

Para vender, é necessário, antes de tudo, contratar funcionários responsáveis pela montagem e venda dos lanches. Eles podem ficar insatisfeitos com o acelerado e desumano ritmo de trabalho. Talvez seja necessário incentivá-los, premiá-los, discipliná-los ou, em último caso, demiti-los, correndo o risco de enfrentar greves e problemas com o sindicato.

A parte mais difícil do jogo é gerenciar a produção e as vendas. Nem sempre as vendas são boas e, muitas vezes, é necessário fazer investimentos em marketing, como lançar campanhas sociais, campanhas para crianças ou até fazer acordos com a Disney. Quando tudo parece funcionar na normalidade, ambientalistas, agentes de saúde, políticos ou grupos contra a obesidade podem atrapalhar o andamento da empresa, sendo necessário suborná-los. Se a corporação não cresce o bastante ou diminui o ritmo de crescimento, seu consultor de negócios pode ficar furioso e pegar no seu pé.

O objetivo principal do jogo é elevar cada vez mais a produção e as vendas, fazendo com que o contador aumente. Mas é preciso ter cuidado para não levar o Mc Donald’s à falência.

O mais divertido do jogo é a forte crítica proposta pelos seus idealizadores à rede de fast-food. Os confinamentos, os desmatamentos, as cruéis técnicas de abate do gado, o acelerado ritmo de produção, as campanhas publicitárias, a insatisfação dos funcionários... Em suma, tudo é colocado em xeque. Gostei do jogo porque ele mostra, sem sensacionalismo, como funciona uma das maiores corporações do mundo: O Mc Donald’s. Vale a pena jogar.

O jogo tem pouco mais de 2mb e pode ser baixado no link:
http://www.badongo.com/file/11637059
ou jogado diretamente no site:
http://gratisjogos.uol.com.br/jogosgratis/estrategia/mc-donalds/index2.php

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Viagem a Machu Picchu: 23/07/08 - 11º Dia

Lembro-me assim, com minúcias, do dia em que conheci Machu Picchu. Às vezes penso que não pode ser, devo estar sonhando, tendo alucinações, porque não é possível existir um lugar com tanta magnificência. Machu Picchu é indescritível, pois nenhuma palavra resume de maneira fidedigna a sensação mágica de conhecê-la. Vou tentar, porém, fazer um pequeno esboço da minha experiência, falar de uma das principais obras realizadas pelo homem.

O grande dia começou às 4 da manhã. Felizmente consegui dormir a noite e a ansiedade foi superada pelo cansaço que se alastrava pelo meu corpo. Fui direto para o banho, já que eu não tinha banhado no dia anterior, devido à falta de energia. Após um banho relaxante, arrumei minhas coisas e, por volta das 4:40, desci para encontrar o grupo que se reuniria às 5. Pretendia ser um dos primeiros a pegar o ticket e logo subir para a cidade sagrada. Eu queria subir o Wayna Picchu (aquela montanha que fica ao fundo de Macchu Picchu), então cada minuto era precioso, pois somente os 400 primeiros a chegar à portaria do pico teriam o privilégio de conhecê-lo.

Do grupo, somente o Nelito e a Quésia desceram antes de mim, mas, infelizmente, tivemos que esperar bastante. O irresponsável do Alex, organizador da excursão, tinha a posse dos bilhetes e ainda não tinha descido. Esperamos até umas 5:30 e praticamente todo o pessoal já estava aguardando, com exceção do organizador e mais uns dois enrolados. O atraso foi inclusive um dos motivos para um bate-boca entre eu e o Alex, mas não vou prolongar essa parte desagradável da história.

Somente os bilhetes de meia-entrada foram entregues e eu, como não tinha carteirinha de estudante internacional, tive que aguardar mais uma vez. Fomos até o local de onde saíam as vans, que ficava bem próximo do hotel, e entramos na fila que já se formara. As vans sobem para Machu Picchu a partir das 5:30, se não me engano, e o parque abre às 6. Fui um dos primeiros da excursão a subir, mas tive que aguardar nosso guia na portaria para pegar o ticket de entrada. Repito: não vá para Machu Picchu pela empresa do tal Manuel.

Durante a subida, a cada metro percorrido pela van, meu coração batia mais forte, ficava cada vez mais alto e mais perto do céu. Finalmente chegamos. A entrada do parque conta com uma infraestrutura de primeiro mundo: possui um bonito hotel, caríssimo; há várias cabines telefônicas; banheiros e um restaurante de padrão internacional, onde um simples sanduíche custa cerca de 40 soles (aproximadamente 22 reais). Aguardei uns 20 a 30 minutos até o guia chegar e entregar o bilhete de entrada. Passei pela catraca e, metros à frente, pude avistar parte das ruínas antes de subir alguns degraus até uma área mais alta da cidade.

Enfim, estava diante da cidade perdida dos incas. Fiquei imóvel alguns minutos apenas admirando Machu Picchu. Não pensava em nada. Não era preciso pensar. Lembro-me apenas da sensação mágica que senti, do ar puro e gélido que respirei, dos meus olhos enchendo de lágrimas, de um sonho que estava sendo realizado. A primeira vista em Machu Picchu ficará registrada em minha memória para sempre. Quando os minutos de êxtase passaram, eu me perguntava: Como poderia existir uma obra humana com tamanha perfeição? Como conseguiram construir uma cidade daquele tamanho no alto das montanhas? Como cortavam e carregavam aqueles blocos enormes de pedra? Como pode existir um lugar tão lindo? Dúvidas que não têm resposta.

Parte do grupo estava reunida, tirando fotos, inclusive com minha bandeira do Brasil, e ouvindo as primeiras explicações do guia. Eu estava eufórico demais para permanecer com o grupo e ficar esperando o guia. Além disso, eu já conhecia boa parte da história de Machu Picchu. Subi até parte mais alta da área agrícola onde há algumas construções que eram utilizadas como celeiros para armazenamento de alimentos. Há uma área bem plana e gramada, onde encontrei várias llamas, um antigo cemitério e o portal de entrada para quem faz a trilha inca. As llamas são bem curiosas, a maioria é mansa, mas se não gostam de você elas dão uma cusparada na sua cara (ainda bem que não foi o meu caso).

Os raios de sol penetravam entre as montanhas que circundam Machu Picchu, criando um jogo de luzes e um cromatismo em perfeita simetria, deixando a vista ainda mais bonita. As nuvens tocavam as montanhas, encobrindo parte delas. O céu, intensamente azul, parecia mais perto. O condor, um dos símbolos dos incas, com suas longas asas voava sobre a cidade sagrada, completando o espetáculo.

Fiz um tour pela área agrícola, caracterizada pelos vários degraus que eram utilizados para o plantio e criação de animais, e desci até a área urbana da cidade, marcada pelas casas e templos. A porta que dá acesso à área urbana tem em sua parte superior uma pedra enorme e que deve pesar muitas toneladas. O primeiro setor urbano é formado por grandes casas, com pedras perfeitamente encaixadas, onde viviam a elite e alguns visitantes que passavam pela cidade.

Nesse setor também se encontra o Templo do Sol, com sua forma arredondada e perfeito encaixe entre as pedras, caracterizando-se como a construção mais perfeita da cidade. Suas janelas são alinhadas de tal forma que no solstício de inverno o sol nasce em uma das janelas e no solstício de verão o sol nasce na outra. A entrada no templo estava restrita, pois muitas pessoas tiravam lascas das pedras que formam o templo acreditando em sua energia. Abaixo do templo existe uma tumba onde foi encontrada a múmia de uma mulher. Arqueólogos acreditam que a tumba era destinada aos imperadores incas.

Entre a primeira parte do setor urbano e a praça dos templos, podemos ver pedras soltas que eram usadas nas construções. Algumas dessas pedras foram inclusive marcadas por arqueólogos, em meados do século passado, como tentativa de simulação das técnicas utilizadas pelos incas para cortá-las. Logo em seguida, um pequeno jardim formado por um notória espécie de orquídea chamada Waqanqui, que em espanhol é chamada de la llorona (a chorona), por ter pétalas em forma de lágrimas.

Ao centro de Machu Picchu, pude visitar a praça dos templos, onde se destacam o Templo das Três Janelas e o Templo Maior. No primeiro templo, durante os solstícios o sol nasce na janela do centro e nos equinócios o sol nasce nas janelas laterais. Já no Templo Maior, em certa época do ano é formada em seu centro a sombra de uma llama. À medida que conhecia a cidade sagrada eu ficava fascinado com o nível de conhecimento arquitetônico e astronômico que os incas empregavam em suas construções.

Atrás do templo maior, há uma sala que possivelmente era utilizada em reuniões da alta sociedade incaica. Suas janelas fechadas permitem uma acústica perfeita, facilitando a reverberação do som. Quando cheguei nesse local tinha um monte de gringos com a cabeça nas janelas e emitindo ruídos simultaneamente, como explicara uma guia. Subi umas escadas e já estava no alto da pirâmide de Intihuatana, onde há o relógio do sol (Intihuatana = aquele que prende o sol), que forma sombras diferentes no início de cada estação do ano e era utilizado no calendário agrícola dos incas. Há também uma pedra com o mesmo formato das montanhas localizadas em volta de Machu Picchu.


Caminhar na altitude e com sol forte demanda elevado preparo físico. Desci até a praça central, que era utilizada para reunir os moradores da cidade, e deitei um pouco na grama com o Ulysses e a Stephannie. Descansei por uns minutos e logo voltei a andar pela cidade de pedra. Fui até a entrada do Wayna Picchu e fiquei imaginando como seria lá em cima. Infelizmente, optei por não subir o pico quando cheguei a Machu Picchu, pois eu gastaria certa de duas horas e meia na aventura e correria o risco de não conhecer a cidade direito, já que teríamos que estar em Águas Calientes ao meio-dia para pegar o trem e eu ainda desceria a pé.

Dei algumas voltas pela segunda área residencial de Machu Picchu, onde ficam as casas das famílias que tinham menor poder na sociedade inca, normalmente trabalhadores. Logicamente, as casas eram construídas com pedras não tão perfeitas e geralmente são menores. Já era quase 11 horas e eu tinha que encontrar o pessoal na saída para descer a pé. Tirei mais algumas fotos e peguei água em uma das várias fontes que cortam a cidade. Foi a melhor água que bebi em toda a viagem, pois não era salobra e estava geladinha. Os guias dizem que essa água não é potável, mas não teria porque não ser se estão livres de poluição. Acho que é para forçar os turistas a comprarem água no restaurante que fica na entrada do parque.

Ao sair do parque, ainda utilizei um dos telefones públicos para ligar para casa. Acho que foi emocionante falar com minha família diretamente de Machu Picchu. Enfim, iniciei a descida. Descer de van demandava um custo de 14 dólares a mais e eu queria economizar. Além do mais, era só descida. Que erro... É degrau que não acaba mais. Cheguei lá embaixo extremamente cansado e com vontade de banhar no Rio Urubamba. Pena que não deu tempo. Gastei tempo apenas tirando foto com a placa de boas vindas, localizada no início da subida. Enchi minha água em mais duas fontes que encontrei pelo caminho e cheguei à estação de trem ao meio-dia. Ainda bem que eu não tive que passar no hotel para pegar bagagens, pois estava com poucos pertences e todos comigo na mochila.

A volta para Cusco foi muito cansativa. O trem atrasou, eu estava super cansado e morto de fome. Perdi as contas de quantas vezes cochilei na volta. Paramos na estação da hidrelétrica de Santa Teresa e pegamos as vans. A única parte divertida da volta foi o motorista Américo, que ficava alugando a Isa e a Raquel, então sentadas no banco da frente. O Gildete com seu “perfeito” espanhol também me matava de rir ao ensinar besteiras em português para o Américo e vice-versa. Paramos apenas uns minutos em Santa Teresa para comprar um lanche.

Chegamos à Cusco por volta das 20 horas, passamos rapidamente no hotel, pegamos nossas bagagens e fomos direto para a rodoviária. Estava louco para comer direito, mas a correria não deixou. Comi um sanduíche porcão na rodoviária mesmo. Nossa viagem entrava na reta final. Embarcamos às 21:00 para La Paz. Ao entrar no ônibus, em menos de meia hora eu já estava dormindo. Estava quebrado após um dia cheio de aventuras. Depois de realizar o sonho de conhecer Machu Picchu, era a hora de sonhar com a cidade sagrada novamente.


sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Viagem a Machu Picchu: 22/07/08 - 10º Dia


Dia de acordar cedo porque Machu Picchu nos espera. Como de praxe, levantei bem cedo (umas 6 horas), tomei café e desci para aguardar o grupo. Estava marcado para sairmos às 7, mas, como sempre, tivemos que esperar alguns atrasadinhos e acabamos saindo quase 8. O pessoal foi distribuído em três vans que viajariam por quase todo o dia até a estação de trem que fica próxima a hidrelétrica de Santa Teresa.

Ao som do violão do Augusto, iniciamos nossa jornada pelo vale sagrado do Rio Urubamba. A primeira parte do trajeto é marcada pela beleza do vale, um dos mais férteis da região, pois é protegido pelas montanhas do vento e do frio. Assim, o vale se torna responsável pela maior parte da produção agrícola destinada à região de Cuzco. Também é comum se observar várias plantações do milho branco gigante, utilizado para produção de chicha (bebida alcoólica proveniente da fermentação do milho e que era utilizada em rituais incas).


A primeira parada foi realizada na pacata Ollantaytambo, que nunca deixou de ser habitada desde a queda do Império Tahuantinsuyo. A cidade conserva importantes elementos característicos da arquitetura incaica, como suas residências feitas de pedra e portas trapezoidais, canais que cortam a cidade com a água que desce das montanhas, e várias plataformas agrícolas construídas nas montanhas do seu entorno. A cultura inca é muito forte na região e a maioria da população parece ter parado no tempo, sendo comum o uso de roupas de lã coloridas, o dialeto quéchua e os mesmo hábitos alimentares e rituais realizados no período anterior à chegada dos espanhóis.


Infelizmente a parada em Ollantaytambo foi muito rápida e não tivemos a oportunidade de comer o famoso porquinho assado e tomar uma caneca de chicha, comuns da região. O pouco tempo que tivemos foi suficiente apenas para tirar umas fotos na entrada da fortaleza de Ollantaytambo, onde há uma feirinha permanente de artesanato. Há muitas coisas bonitas e bem mais baratas que em Cuzco, mas a correria não nos permitiu fazer compras.


De volta à estrada nos deparamos com enormes blocos de pedra espalhados em várias partes da montanha e que, segundo nosso motorista e guia Américo, teriam sido abandonados pelos incas quando perceberam a chegada dos espanhóis na região. Os blocos eram extraídos de uma montanha no lado oposto do rio e levados até a parte mais alta de Ollantaytambo, onde fora construído uma fortaleza. É possível perceber recortes feitos na montanha da qual se retiravam as pedras e também vários buracos nas rochas que seriam tumbas onde enterravam os mortos.


A estrada, ainda asfaltada, foi construída entre as montanhas e pode-se ter uma visão panorâmica de suas inúmeras curvas. Apesar de Águas Calientes estar em altitude inferior a de Cuzco, a primeira metade do caminho é somente de subidas até chegar num pico gelado a 4316 metros de altitude, onde paramos uns minutos para sacar umas fotos.


Pouco depois, quando começamos a descer, a estrada asfaltada fica para trás e entramos numa estrada de terra construída entre cânions, sem para-peito e na maior parte das vezes podia-se passar somente um veículo. Não precisava ser medroso para sentir medo, principalmente nas curvas onde a visão do motorista ficava encoberta pelo paredão de pedra e a buzina era acionada a todo o momento, por questão de segurança. Qualquer deslize e iríamos parar centenas de metros abaixo, nas águas do arredio Rio Urubamba.


A viagem é marcada por um clima tenso, mas é compensada por paisagens de inexplicável beleza. É possível identificar claramente a mudança de uma vegetação seca, nas proximidades de Cuzco, para uma vegetação rica, densa e bem verde, típica da Amazônia peruana, além de várias plantações de banana e café. Passamos por vários vilarejos construídos na beira da estrada, onde os moradores têm uma vida praticamente primitiva, inclusive passamos por uma pequena cidade fantasma, que fora abandonada alguns anos atrás devido às irregulares cheias do Urubamba, que corre ao lado.

Por volta das 2 da tarde, chegamos a Santa Teresa, onde almoçamos. Não há muitos restaurantes, mas os cardápios são bem variados e a comida é um pouco cara. Minha sorte foi que aceitavam dólares e pude pagar a conta com os 20 dólares que eu tinha. A cidade é muito pequena e vive basicamente do turismo e da produção de banana e café. Ali era a cidade natal do nosso motorista e também a residência da maioria dos trabalhadores da hidrelétrica. Além disso, Santa Teresa é o ponto de partida da trilha de 4 a 5 dias para a cidade inca de Choquequirao, descoberta há menos de uma década.

Após quase uma hora de parada, seguimos em frente. Pegaríamos um trem perto da hidrelétrica que sairia às 16:00 e nos levaria até Águas Calientes e, por isso, não podíamos atrasar. No caminho, avistamos a cachoeira que desce da montanha e alimenta a hidrelétrica e fizemos uma breve parada numa ponte onde é necessário registrar o nome, nacionalidade e número do documento de identidade.

Ao chegar à estação de trem, há várias banquinhas de moradores locais, onde são vendidas frutas como banana e abacate, além de refrigerantes, cervejas e outros alimentos. De lá também se pode avistar uma parte das ruínas de Machu Picchu e o Wayna Picchu, na parte oposta à cidade de Águas Calientes. Tiramos algumas fotos e embarcamos cerca de meia hora depois. O trem sobe parte da montanha através de rampas construídas em zigue-zague até atingir certa altura, quando segue a uns 50 metros do rio por cerca de 40 a 50 minutos.


Chegamos a Águas Calientes no final da tarde, umas 17:30 eu acho, e fomos direto para o hotel. A cidade é muito interessante, é cortada pelo rio e cercada por várias montanhas. Passamos por dentro de um mercado que possui uma variedade muito grande de artesanato, mas estávamos muito cansados para parar. No hotel (na verdade era um Hostel), alguns recados foram dados pelos organizadores da excursão e seguimos para o quarto.

O hotel era bem fraco, o quarto um cubículo, o colchão era cheio de buracos e com forte cheiro de mofo, não tinha box no banheiro e pra minha infelicidade parte da energia do hotel acabou quando eu estava no meio do banho. Eu já estava muito grilado com o péssimo serviço oferecido pela agência que nos vendeu o pacote para Machu Picchu e fui tirar satisfação com o dono da agência, um picareta chamado Manuel. Ele pediu que eu aguardasse que ele arrumaria outro hotel, mas que eu não comentasse aos outros colegas da excursão para não gerar maiores problemas (olha que safado). Eu já estava cuspindo fogo quando minutos depois apareceu o Manuel e me levou para outro hotel aparentemente um pouco melhor, mas sem água no chuveiro. Para meu desespero, assim que cheguei ao hotel acabou a energia de toda a cidade, então, já que estava tudo lascado, resolvi voltar para o outro hotel pra não ter que correr o risco de desencontrar do grupo no dia seguinte.


Deixei minhas coisas no quarto, desisti de banhar e fui procurar um lugar pra comer. A cidade possui muitos bares e restaurantes interessantes. Parei num restaurante que tinha comida barata e gostosa, onde acabei ficando amigo do garçom, um metaleiro peruano que usava a camiseta de uma banda de thrash metal de Lima. Comi dois sanduíches e voltei para o hotel, ainda sem energia, e fui dormir. Minha passagem por Águas Calientes não foi muito agradável. A cidade é muito bonita, mas não possui infra-estrutura suficiente para suportar a quantidade de turistas que recebe diariamente. Uma pena. Amanhã chegarei ao principal objetivo da viagem: Machu Picchu.


sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Viagem a Machu Picchu: 21/07/08 - 9º Dia

Mais um dia na magnífica cidade de Cusco. Acordei um pouco depois das 8, tomei o café da manhã (o melhorzinho até agora, porque tinha um apresuntado pra comer com o pão seco daqui) e fui tirar xérox da minha identidade, carteirinha de estudante e visto de entrada no Peru para emissão da passagem para Águas Calientes e compra do ticket de entrada em Machu Picchu.

De volta ao hotel, meu amigo Edigar perguntou sobre os mercados de artesanato que eu tinha ido, pois queria comprar algumas lembrancinhas. Como eu estava interessado em voltar aos mercados para comprar presentes e olhar meus quadros com mais cautela, me propus como guia e fomos bater perna pela cidade. Andamos bastante pelos mercados até que PARAMOS (literalmente) numa banca onde o Edigar ficou pelo menos duas horas para comprar quase todo o estoque do peruano. O dono da banca era muito gente fina e atencioso, e ainda fez desconto em todos os produtos que compramos. Eu comprei somente duas camisetas, um porta carteira de cigarros e um chaveiro para presente, já o Edigar, gastou mais de 400 soles com presentes para os seus 572 irmãos e colegas de trabalho. Imagina na hora de negociar e pagar cada produto... Eu sou mão-de-vaca de natureza, só compro quando o vendedor está quase desistindo do negócio por causa da minha tamanha chatice, e ainda junto com o Edigar, que consegue ser pior que eu... Era assim: O produto custava 100, nós pedíamos 20 e acabava caindo pra 30 ou 40. Na hora de pagar extorquimos mais ainda o peruano, que tava quase mandando a gente ir catar pedra (e olha que tem pedra pra caramba em Cusco).

Com as mãos cheias de sacolas, satisfeitos com as compras, fomos até o mercado que tem umas bandeirinhas do Peru nos corredores e fica em frente ao chafariz, onde eu queria olhar as pinturas cusquenhas, já que o vendedor estava ausente ontem. Para minha surpresa, o dono da banca tinha saído para almoçar. Como eu não queria perder a viagem, procurei um lugar para sentar e esperei uma meia hora.

Enfim, o dono da banca chegou e eu pude ser atendido. O pintor era o próprio vendedor, então pude trocar mais idéias e aprender um pouco mais sobre a escola cusquenha de pintura. O cara é um grande artista, porque além das pinturas, ele mesmo faz as molduras e outras peças de artesanato que estavam expostas em sua banca, como uma réplica do púlpito da catedral de Cusco todo talhado em madeira. Fiquei mais ou menos uma hora e meia para ver algumas telas e decidir quais eu iria comprar, afinal, era uma pintura mais bela que a outra. Como o preço estava mais acessível que nas galerias do Bairro de San Blas (Enquanto uma pintura média e bonita em San Blas custava em torno de 170 soles com a moldura dourada, nesse mercado a pintura grande saía por 140 soles), eu acabei levando dois quadros por 200 soles: um grande com moldura dourada e um médio com moldura rústica. O Edigar acabou comprando um quadro médio também. Os quadros estavam sem a assinatura do pintor, pois ele também os vendia para galerias. Então, deixamos o endereço do hotel onde ele nos entregaria os quadros à noite, depois de assiná-los e colocar as molduras escolhidas por nós.

Já eram quase duas da tarde (4 da tarde no fuso horário brasileiro) e estávamos famintos. Pegamos um taxi até o hotel, guardamos as compras e almoçamos quase em frente, onde eu já havia almoçado antes. Cardápio: Pollo com papas fritas y ensalada. Apesar de a viagem ser marcada pela forte presença de frango e batata na dieta dos bolivianos e peruanos, a comida desse restaurante me fez lamber os beiços, pois era muito gostosa, bem servida e barata. Fiquei bem cheio e com vontade de deitar, mas eu só tinha o resto da tarde para conhecer a grandiosa Cusco.

No hotel, encontrei a Stéphannie e o Ulysses e fomos até o museu pré-colombiano. No caminho, paramos na bilheteria da catedral para perguntar o valor do ticket de entrada, pois eu queria conhecer algumas igrejas quando saísse do museu, onde havia algumas meninas muito bonitinhas que vendiam dedoches. Apesar de não ter comprado nenhum, eu brinquei tanto com as meninas que elas ficaram minhas amigas e foram nos seguindo até o museu. A entrada do museu custava 10 soles, se não me engano, mas como não havia controle na portaria e nenhuma pessoa fiscalizando, acabamos conhecendo o museu de graça. Não tinha muitas coisas interessantes nesse museu além de peças usadas por civilizações pré-colombianas que habitaram o Peru. Sobre os incas não tinha quase nada. Pelo menos fiz algumas amigas.

Ao sair do museu, logo do lado direito, tem uma pequena praça do Colégio Real São Francisco de Borja, fundado em 1621, de onde se tem uma vista panorâmica da Plaza de Armas e de Cusco. Após tirar algumas fotos, parti sozinho para catedral, já que o Ulysses e a Stéphannie estavam sem grana e sem interesse para conhecê-la. Comprei um ticket por 25 soles que dava direito de conhecer a catedral, a Igreja da Companhia de Jesus, a Igreja de San Blas e o Museu de Arte Sacra.

Na catedral, em vez de seguir um pequeno grupo acompanhado de um guia, peguei um roteiro e um aparelhinho parecido com um walkman que continha todas as informações sobre a igreja, como se fosse um guia virtual. À medida que eu andava pelas zonas e altares da igreja, bastava localizar no roteiro e digitar um número correspondente no aparelho para ouvir todas as informações.

A catedral é de uma beleza única e seus inúmeros altares são deslumbrantes. As igrejas de São Francisco de Assis, em Salvador, e de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto, conhecidas por serem as mais belas e com maior quantidade em ouro do Brasil, são “fichinhas” perto da catedral de Cusco, que é constituída de duas capelas laterais e a igreja central. Infelizmente é proibido tirar fotos dentro da igreja e há muitos funcionários vigiando, o que torna quase impossível tirar fotos legais. Sem me conformar em apenas ouvir o guia pelo headphone e observar a magnitude da belíssima construção católica, perguntei para uma funcionária se não existia algum material para venda, como DVD, CD ROM ou livro, contendo fotos e informações sobre as igrejas cusquenhas. Tinha somente dois livros, sendo um deles riquíssimo em fotos, mas eram caros (70 soles). A mulher, porém, me disse que tinha um documentário em DVD que possuía distribuição restrita, mas que ela poderia me vender. Falei que só tinha 5 soles no bolso (de fato não era verdade, mas era uma meia mentira, pois eu tinha outros 200 soles que seriam usados pra pagar os quadros e eu não podia gastá-los) e inventei que tinha mais 100, mas que não estavam trocados. Ela acabou aceitando os 5 soles e disse que eu trocasse o dinheiro depois e levasse mais uns 10 ou 15 soles pra ela... A coitada deve estar esperando até agora. Peguei o DVD e continuei a visita pela igreja: conheci seus inúmeros altares; a sacristia; uma sala toda em madeira trabalhada, bem no centro da igreja principal, onde fica o coro e dois órgãos gigantes; seus púlpitos lindíssimos e uma pequena sala subterrânea. O mais interessante de tudo é a imponência do catolicismo espanhol, ilustrado pela grande quantidade de ouro e prata presente nos altares e pelas várias pinturas expostas em toda a igreja.

Saí da catedral eram quase 18 horas (gastei muito tempo lá dentro), as outras igrejas e o Museu de Arte Sacra já estavam fechados e, infelizmente, só reabririam entre 8 e 9 da manhã do dia seguinte. Como sairíamos para Águas Calientes por volta das 7 da manhã, eu acabei perdendo o ticket e a oportunidade de conhecer as outras igrejas de Cusco. Dei mais uma volta pela praça, voltei para o hotel, tomei um banho e, como já eram mais de 21 horas, fiquei esperando até as 22, quando o pintor entregaria meus quadros.

Peguei os quadros, os guardei no quarto e fui para a Plaza de Armas novamente, para procurar algum lugar para comer. Como eu já estava sem grana e não queria sacar mais dinheiro, comi novamente no Bembos, onde paguei com cartão de crédito. Fui rapidamente numas boates e voltei para o hotel. Eu já estava bem cansado para ficar na rua e a viagem para Águas Calientes amanhã será bem cansativa. Estou quase chegando ao objetivo principal da minha viagem: Machu Picchu.