terça-feira, 28 de outubro de 2008

Goiânia: cidade desigual... e com prefeito sem igual




Na última sexta-feira, 24/10, em pleno aniversário de Goiânia, o jornal O Popular teve como principal destaque uma reportagem sobre o estudo realizado pela ONU que aponta Goiânia como cidade mais desigual da América Latina e Caribe. No dia seguinte, o mesmo jornal publicou uma declaração do prefeito da capital goiana que afirmou que o estudo “é uma gafe” e que vai convidar técnicos das nações unidas para conhecer melhor a cidade.
O estudo divulgado pela ONU releva as disparidades sociais nas cidades latino-americanas e caribenhas a partir do critério de renda. Dentre as sete cidades brasileiras analisadas por técnicos da ONU, Goiânia revelou o maior índice de concentração de renda. Porém, o prefeito Iris Rezende alega que Goiânia é "uma cidade sem favelas e que tem ótima qualidade de vida". Em termos, ele está certo, mas esse argumento não descarta a desigualdade social presente na cidade.
A insatisfação de Iris Rezende deu o que falar e foi discutida até por um sociólogo, que considerou a relação estabelecida pelo prefeito equivocada. O resultado do estudo é facilmente identificado em Goiânia e as discrepâncias sociais estão presentes em todo lugar. Ao mesmo tempo em que a cidade possui uma das maiores especulações imobiliárias do país, que é visivelmente identificada em setores nobres, que detêm imóveis vendidos rapidamente a preços milionários, pode-se identificar também uma enorme quantidade de conjuntos de casas populares construídos pelo poder público.
No dia-a-dia vemos ônibus lotados e, ao mesmo tempo, a maior frota proporcional de veículos do país, que também é uma das frotas mais novas. É carrão pra todo lado. Quem procura diversão tem duas escolhas: ir à shows e eventos gratuitos que a prefeitura vive promovendo, principalmente em bairros periféricos, ou ir para um dos vários bares e boates caríssimos que estão espalhados pela cidade, onde se concentram os "magnatas".
Por ser uma das cidades mais arborizadas do país, com boa qualidade do ar e com excelente qualidade de vida, Goiânia atrai pessoas com alto poder aquisitivo, que aqui resolvem morar. A migração dessas pessoas para a cidade tem uma influência real na ocupação dos espaços urbanos e, por isso, surgiram muitos condomínios fechados ao lado de bairros bem pobres. A presença de grandes propriedades de terra no estado e de várias empresas de elevado porte ajuda a concentrar renda nas mãos de poucos.
Disparidade é o que não falta na metrópole goiana. Portanto, talvez seja necessário que o Iris tenha umas aulas de Geografia para aprender conceitos como desigualdade social e concentração de renda. Talvez o prefeito precise passear pelos terminais de ônibus espalhados pela cidade e pegar o “busão” lotado, no horário de pico, para ver como existem pobres que não têm condições de andar de carro zero como o pessoal do outro time. Talvez o prefeito deva levar um quilo de alimento para ver o show do Leonardo no meio do povão em vez de ir jantar com sua família no caríssimo Montana Grill, que, por coincidência, é do Leonardo. Talvez se o Iris vendesse uma das suas milionárias fazendas e usasse o dinheiro em políticas de geração de empregos, escolas e hospitais, não haveria tantos pobres, que desgraçadamente contribuíram (aqui os ricos não são culpados) para o resultado divulgado pela ONU.

5 comentários:

Anônimo disse...

Cara, c eh muito fodão pra escrever..vai kh viu?hehe..

Anônimo disse...

ze perfeitas colocaçoes,belo contraste mesmo nososs alunos acham graça quando falamos,porem é a mais pura realidade,infelizemnte...

mahoe disse...

maringá é bem melhor q goiania em relação a arborização... acho q goiania podia ter mais pés de munguba...*é assim zé??! ¬¬*

Leandro(Lélas) disse...

Muito bem escrito Jusé!!! Realmente Goiânia tem essas diferenças que os políticos insistem em dizer que não existe!!! Pra agente que anda de ônibus isso é fácil de notar, agente na latinha de sardinha e "os cara" nos corolas e hondas da vida de ar condicionado e tals!!! hehe
Belo texto, pena que os jornais daqui não publicariam nunca!!!
abraço!!!

PS: Copiei e colei no word pra conseguir ler esse blog preto seu!!! Troca essa porra!!!

Badi disse...

Excelente matéria. Eu moro em Goiânia e sou goianiense, eu nunca parei para refletir nisso. Conheço RJ e lá se vê mais explicitamente favelas misturadas a regioes nobres, SP idem ... Em goiânia não se vê esse contraste de região nobre com favelas quase que separadas por um muro em regiões centrais da cidade (salvo na periferia da cidade), porém as aparencias enganam e quando se faz uma análise mais cauteloza entendemos quão grave é essa situação.