segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Viagem a Machu Picchu: 19/07/08 - 7º Dia


Mais uma noite de sono tranqüila e relógio despertando cedo. Levantei por volta das 7:00, tomei café e fiquei esperando o pessoal da excursão para irmos até a Ilha do Sol: maior ilha do Lago Titicaca, onde há várias ruínas tiwanaku e muita beleza. Saímos as 8:30 para o cais, de onde saem os barcos até a ilha. Pagamos um pouco caro pelo passeio (80 bolivianos, incluindo o barco, guias, entrada na ilha e almoço), mas eu estava muito cansado no dia anterior para procurar agências de turismo que oferecessem o pacote por um preço mais baixo. Sei que não pagaria mais que 30 bolivianos pelo mesmo translado. Pelo menos o passeio era particular e poderíamos programar nosso próprio tempo, já que sairíamos para a fronteira peruana as 16:00.

Nosso barco tinha dois andares e a parte de cima não tinha cobertura, o que tornava o passeio super agradável. Eu fui na parte superior e me diverti bastante com o pessoal da excursão. O Lago Titicaca é bem parecido, em alguns momentos, com o Mar Egeu, na Grécia, devido a cor de sua água, suas várias ilhas, seu relevo e seu clima seco. Só conheço o Mar Egeu por fotos, vídeos e livros, mas achei parecido com o Titicaca.

Depois de quase uma hora, chegamos ao lado sul da Ilha do Sol, onde avistamos algumas ruínas e a escadaria que dá início à trilha até a parte norte. Infelizmente não tínhamos tempo para atravessar a ilha a pé, então fomos direto para a parte norte. No caminho vimos alguns barcos feitos de totora (vegetação típica do lago) e moradores da ilha lavando roupas na beira do lago. Minutos depois já estávamos no lado norte da ilha.

Fomos divididos em dois grupos e cada um seguiu com um guia até as ruínas tiwanaku e a pedra do sacrifício. A ilha tem cerca de 3000 habitantes e passamos por algumas casas e comércio dos moradores, onde pudemos ouvir algumas pessoas falarem Aimara (língua nativa do povo Tiwanaku). Logo no início da trilha passamos por uma praia muito bela, e que nos convida a dar um mergulho de tão calma e limpa que é sua água, mas sua temperatura em torno de 12 graus me fez mudar de idéia. Durante a subida da trilha, vimos algumas plantas (não lembro os nomes) que são típicas da região, e possuem diversas propriedades medicinais, desde dor de estômago até mal de altitude. Tem uma plantinha que tem o cheiro super gostoso e dá vontade de cheirar o tempo todo. Nosso guia Benedito também nos contou que os peixes comuns do lago estão desaparecendo, pois estão sendo comidos por peixes maiores, como a truta, que foram trazidos pelos americanos.

Seguimos a trilha até um ponto mais alto, onde avistamos boa parte da ilha. Há vários degraus feitos na terra, sendo muitos deles feitos pelos antigos habitantes da ilha, e que são utilizados pelos moradores locais para o plantio. Eles utilizam a rotação de culturas, plantando durante sete anos e deixando a terra descansar por outros sete anos. Pudemos avistar, também, a região onde se encontra uma ilha submersa onde viviam os Markapampas (povo que faz parte do tronco Tiwanaku).

Depois de uma boa caminhada, chegamos até o altar de sacrifício: uma mesa de pedra onde os pré-incas realizavam sacrifícios ao Deus Sol, no dia 21 de junho, durante o solstício de inverno. Em frente, existe uma grande pedra com formato de um puma e logo adiante há várias construções de pedra. É fantástica a sensação de ter contato com uma cultura tão rica e tão remota, mas que permanece viva para os moradores da ilha. As casas são feitas de pedras perfeitamente encaixadas através de complexas técnicas construtivas. Muito legal.

Aceleramos o passo e partimos de volta para a entrada da ilha, onde almoçaríamos. No caminho, quando passava pela praia, ainda tive tempo de ajudar uma garotinha que estava aos prantos porque não conseguia tirar o barco da água. Eu não podia deixar de ajudar aquela garotinha que possuía um olhar tão carente. Dobrei a barra da calça, atolei o pé na água e puxei o barco para a areia. Minha boa ação do dia já estava feita.

Ao chegar, fui direto para o restaurante, onde almocei arroz, cenoura, vagem, purê de batata e uma truta deliciosa. Agora entendo porque a truta do Lago Titicaca é tão famosa. Enquanto os outros almoçavam, aproveitei para ir até o museu da ilha, onde há restos mortais e instrumentos utilizados pelos Markapampas. O museu não era tão interessante, mas estava incluso no ticket de entrada na ilha.

Reunimos o grupo e pegamos o barco de volta para Copacabana. Apesar de um pouquinho de frio que fazia, o sol estava bem forte (isso não significa que estava quente) e acabei queimando bastante o rosto e as mãos. No meio do caminho, três corajosos da excursão, Augusto, Gildete e Valdivan, pediram para parar o barco e deram um mergulho no lago... Foi o tempo de pular na água e voltar para o barco. Segundo os aventureiros, a água era tão gelada que dava câimbra até no pescoço. Haja animação.

Ao chegar a Copacabana, pegamos nossas coisas e embarcamos em três vans até a fronteira do Peru. Carimbamos o visto boliviano, preenchemos o novo visto e... uhuuu! Estávamos no Peru. Algumas pessoas fizeram câmbio na fronteira, mas resolvi deixar para sacar o dinheiro quando chegasse a Puno ou Cusco.

Pouco mais de três horas de viagem e estávamos em Puno. Tínhamos pouco mais de uma hora na cidade até pegarmos o ônibus para Cusco, então aproveitei esse tempinho e peguei um taxi até o centro. Puno é muito bacana, possui muitas lojinhas de artesanato com preço baixo, muitos bares e pubs legais, prédios históricos bonitos, mas o tempo que tinha foi suficiente para dar somente uma volta rápida, comer alguma coisa e voltar para a rodoviária. Queria muito ter ficado algumas horas em Puno durante o dia, para conhecer a Ilha de Uros (ilha flutuante feita de totora, onde vivem várias pessoas) e as igrejas da cidade.

Voltei para a rodoviária, comprei uma chompa (casaco) de lã de llama por 25 soles (pouco mais de R$13), peguei minhas coisas e fui para o local de embarque. No Peru a rodoviária e o embarque são bem mais organizados que na Bolívia. Ao entrar no ônibus não durou muito tempo e eu já estava dormindo. O cansaço era grande. Até que enfim Cusco está chegando... eita cidade longe!

3 comentários:

Jordana disse...

Perfeição
Acho que isso descreve tudo!

Também fiz um Zé
^^

=*

emphit disse...

cara, aqui em casa tbm tem altas fotos da ilha do sol...muito fantastico. Eh uma viagem da qual me arrependo de nao ter ido...

Unknown disse...

Nossa vc descreve tao minusciosamente que eu fui viajando com vc, com as fotos ainda....ai que ficou real mesmo...rsrsrsr