Em entrevista para o programa Roda Viva na última semana, na TV Cultura, o Ministro do Esporte Orlando Silva disse que o Brasil estava na pole-position da disputa para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Uma semana depois, após o investimento (leia-se gasto) de mais de 100 milhões de reais na campanha Rio-2016 e a vitória épica na corrida para realizar as Olimpíadas, será que nós, brasileiros, já podemos comemorar?
A escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014 e o atual momento econômico do país, recentemente incorporado entre as grandes potências mundiais, facilitou a escolha do Rio de Janeiro para realizar as Olimpíadas de 2016. Entretanto, essa realização não deleta de nossa memória o presente quadro esportivo do Brasil e nem sua aviltante realidade social, corroborada pela pífia 75ª posição de seu IDH no ranking divulgado este mês pelas Nações Unidas.
A realização dos Jogos Pan-americanos de 2007 no Rio foi uma verdadeira orgia com o dinheiro público. Os gastos na construção de arenas e preparação da cidade foram exorbitantes, excedendo muito o valor que inicialmente se previa. O superfaturamento das obras e o abandono de centros olímpicos após o Pan evidenciam o desvio de verbas, a frouxa fiscalização e a falta de compromisso do governo em promulgar políticas públicas para o esporte no país.
O Brasil nunca foi um país com elevado potencial olímpico e dificilmente se tornará uma referência esportiva em apenas sete anos. Não é de hoje que os atletas brasileiros têm de se prostituir para conseguir patrocínios, pois quase não há incentivos e nem mesmo estrutura para a formação de atletas, sobretudo nas modalidades individuais. Além disso, sequer temos uma cultura esportiva no Brasil.
A realização dos jogos de 2016 no Rio de Janeiro provavelmente será mais uma estratégia política para efetivar a lógica da corrupção e instrumento de desvio de dinheiro público no país. Serão construídas belíssimas arenas esportivas que servirão para maquiar os problemas sociais do Brasil, ofuscando as favelas e a violência que não serão mencionadas pela facciosa potência midiática brasileira, a Rede Globo, assim como foi feito no anúncio da escolha do Rio como sede olímpica, quando mostraram somente os brasileiros em festa e esqueceram (leia-se ocultaram) a realidade.
Com certeza, aquele brasileiro que mora no sertão nordestino, aquele cidadão ribeirinho do Amazonas ou o pequeno agricultor do interior de Goiás sequer saberão que os Jogos Olímpicos serão realizados em seu país. A maioria dos brasileiros no máximo assistirá uma festa pela televisão sem descobrir os reais benefícios da realização das Olimpíadas de 2016 no Brasil. Até mesmo os cariocas, que serão beneficiados por uma relativa melhoria da infraestrutura de sua cidade e aumento no turismo, ainda continuarão convivendo com a violência e com a pobreza.
A partir de agora, cabe aos brasileiros a laboriosa tarefa de fiscalizar o destino das verbas que serão empregadas nas obras no Rio de Janeiro. Devemos reivindicar a efetivação de políticas públicas eficientes para o esporte, como o investimento e criação de bases esportivas e centros de excelência, patrocínio aos atletas, simbiose entre educação e esporte nas escolas e universidades, incentivos à prática esportiva, etc. Somente dessa maneira poderemos evitar o desvio de verbas públicas e criar uma cultura esportiva no país, aumentando nosso quadro de medalhas e ganhando essa corrida olímpica. Assim, talvez tenhamos algo a comemorar com as Olimpíadas de 2016.
Um comentário:
escolha bem quem vc manda ir a merda, pois a cobra pode fumar.
minhas meras palavras. de um jovem aprendiz luiz aurelio.
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